segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Ginger McKenna


Ginger povoa a América,
Se alimenta de luz néon,
Sobrevive com um punhado de migalhas,
Cobre-se de pelúcia.
Starlet emergente,
Num teatro em ruínas:
Linda, sorrindo, linda!
Uma pin-up de sonhos recuperados,
Um certo ar de tristeza nonsense,
Escondido numa gargalhada,
Num barzinho qualquer da 5th Avenue.

Ginger dança com os pingos da chuva,
Brinca com os sonhos nossos,
Desliza pelas esquinas,
Pára trânsitos, sobressalta os corações
E ri, descendo a rua.
Um jeito breathless de ser,
Um balanço no andar,
Um perfume no paradeiro:
Eis os sinais de Ms.Mckenna.

Ginger arruma o rabo-de-cavalo.
Percorre sua meia-arrastão.
Maquia-se na praia.
É malandra, é uma puta esperta.
Ninguém a abandona,
Ninguém a machuca.
Decadente sim, mas é fêmea demais,
É Ginger demais para isso.
É heresia não notá-la.
Coleciona vinis, cataloga nomes.
Vive sorrindo, pois "a vida é curta".

Ginger transa com o Rio,
Vê seu retrato na água do mar.
Ginger é paranóica, é doida varrida,
Paradisíaca,
Branda quando quer, mulher.
Aparece no imaginário deste poeta
Como uma música de inspiração,
Sempre inspiração,
Sempre estimulante,
Sempre embriagante.
Ginger festeja sua passagem,
Deixando um sorriso no rodapé desta página.

Ginger chegou em casa feliz,
De tanto ser feliz,
De tanto despistar a tristeza do início.
Ginger vestiu o melhor vestido.
Ginger colocou Billie Holiday.
Ginger pôs o anel que lhe dei.
Ginger deitou seu sorriso.
O jornal de manhã anunciava:
"O Fim do Mito",
Ginger Mckenna, lenda agora,
Deve estar rindo de tudo isso.

Escute: Heart of Glass - Blondie

Foto: Sharon Stone as Ginger McKenna in Casino Film

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