quinta-feira, 1 de maio de 2008

O Estado das Coisas

Agora percebi o peso das coisas,
O silêncio da casa,
O barulho dos estranhos,
Estranhos que convivi por anos.
Quero um céu para as minhas estrelas;
Meus heróis estão sem sala,
Ainda não posso recebê-los.
Minhas idéias estão voando ao vento,
Preciso anotar cada formato de versos.
Preciso de um catálogo para os meus sonhos.
Está tudo empoeirado.
Está tudo despedaçado.
Mensagens são lidas,
Trajetos são espionados,
Quando a verdade está no palco,
Sozinha.
Percebi a relevância das lágrimas
E sua inutilidade.
Quero um armário para elas,
Para expor cegueiras e clarezas
Juntas, como num altar.
Minhas fotos de viagens.
Minhas fotos de familia.
Preciso de caixas.
Guardarei meus primeiros capítulos.
Preciso de papel
Para cobrir meu tesouro.
Está tudo descuidado.
Percebi a função do tempo,
O silêncio dos outros,
O barulho que eu fazia.
Mas percebi, enfim
O estado das coisas,
Cada palavra falada ou silenciada.
A porta já havia fechado,
Cujas chaves eu nunca tive.

Escute: Judas - Depeche Mode

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