Cacos, segundos, frações, detalhes, versos, letras, sons e alguns pontos em nós.
domingo, 28 de outubro de 2007
Batcaverna
Madrugada, hora amargurada.
Fujo tanto disso tudo,
Fujo tanto de mim.
Ouço uma música que me faz esquecer
Meu "trouble-identidade".
Vôo nas ruas, pairo nos pára-raios.
Escapo, saio entre os dedos,
Me escondo, me fantasio,
Corro da luz.
Procuro meu invólucro, meu casulo.
Me divido em pulsares,
Me desmaterializo.
Fujo também da minha imagem,
Meu alter ego.
Me transfiro de um ponto a outro,
Uso a linha telefônica como nave.
Transformo uma ponte num exílio.
Tenho claustrofobia,
Tenho medo do escuro,
Tenho pavor da descoberta.
Sufoco minhas vontades,
Sou um herói sem parceiro,
Um espírito solitário.
Ando só e sou órfão público,
Uso sempre capas e escudos,
Uso sempre negro.
Não me exponho, não me entrego,
Não me faço de vítima,
Não assumo os pecados,
Durmo sem paz.
Acordo quando todos adormecem,
Caminho quando todos descansam,
Choro quando todos festejam.
Tenho meu esconderijo,
Minha caverna de concreto.
Escrevo um soneto cinza,
Sou um dante em preto-e-branco
Que desaparece quando o sol nasce
E some nas sombras esquecidas
Daqueles que salvei.
Escute: Sunday - David Bowie
Fotografia de divulgação do filme Batman Begins, Warner Bros.
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